Quando uma mulher engravida, logo começa a receber uma enxurrada de orientações — e muitas vezes, elas são baseadas em protocolos antigos, generalistas ou incompletos. Um exemplo clássico? O uso de cálcio como “única medida” para prevenir a pré-eclâmpsia.
Mas será que isso realmente basta?
O que é a pré-eclâmpsia?
A pré-eclâmpsia é uma condição grave e potencialmente perigosa que pode surgir na gestação, caracterizada por aumento da pressão arterial, presença de proteínas na urina e, em casos mais avançados, riscos para a saúde da mãe e do bebê. A boa notícia é que ela pode, sim, ser prevenida — mas isso vai muito além do uso de cálcio.
Cálcio: importante, mas não é tudo
O cálcio participa da regulação da pressão arterial e é, de fato, um nutriente relevante durante a gravidez. Porém, o tipo mais comum prescrito — o carbonato de cálcio — tem uma absorção limitada, especialmente em gestantes com menor acidez estomacal (algo comum durante a gravidez). Outras formas de cálcio, como o citrato ou malato, oferecem melhor biodisponibilidade e costumam ter melhor tolerância digestiva.
Mas mais importante que o tipo de cálcio, é entender que ele não atua sozinho.
O olhar funcional: corpo, placenta e nutrientes trabalham juntos
A pré-eclâmpsia envolve inflamação, disfunção do endotélio (o revestimento dos vasos sanguíneos), estresse oxidativo e desequilíbrios nutricionais. Por isso, a prevenção deve ser pensada de forma ampla, respeitando a individualidade bioquímica de cada gestante.
Outros nutrientes com papel fundamental na prevenção:
- Magnésio: relaxa os vasos, modula a pressão e ajuda na prevenção de contrações precoces.
- Vitamina D: regula o sistema imune e melhora a saúde vascular.
- Ômega 3: potente anti-inflamatório e protetor placentário.
- Zinco, selênio, vitaminas do complexo B: cofatores antioxidantes essenciais.
- Arginina e citrulina: aminoácidos que estimulam a produção de óxido nítrico, promovendo vasodilatação e melhorando o fluxo sanguíneo uterino e placentário.
A citrulina, em especial, tem mostrado melhores resultados que a própria arginina por ser mais biodisponível e manter a produção de óxido nítrico de forma mais estável.
E a alimentação?
A base de tudo. Uma dieta rica em vegetais, frutas, gorduras boas, sementes, proteína de qualidade e alimentos anti-inflamatórios é o alicerce da saúde materna. Mais do que suplementos, o que sustenta uma gestação saudável é o conjunto: alimentação, sono, gestão de estresse e acompanhamento com profissionais que olhem para a gestante como um todo — e não apenas como um protocolo.
Conclusão:
Cálcio é parte da história, mas nunca deve ser o único personagem. A saúde da gestante e do bebê merece mais do que soluções simplificadas. Informação de verdade empodera, protege e transforma a experiência da gestação.
Se você está grávida ou tentando engravidar, procure um profissional que entenda que cada corpo é único — e que uma gestação saudável começa muito antes do teste dar positivo.
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Escrito por Gabrielle Ribeiro, no dia 04/06/2025
Gabrielle Ribeiro
Nutricionista especializada em Saúde da Mulher
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