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Opinião


Assédio moral e sexual: É preciso falar sobre!



Foto: Paulo H. Carvalho - Agência Brasília

 

Desde que me propuseram abordar este "tema"  confesso que me esquivei o que é algo estranho, já que costumo agarrar as sugestões e escrever de forma tão fluida e sem muitas pesquisas.Pois muito que bem, falar sobre assédio moral e sexual tendo em vista tantas ocorrências não foi tarefa fácil.

Não, meus caros, o fato de me dispor de uma vasta bibliografia foi assustador;  um assunto em tamanha evidência (há um caso em investigação próximo à nossa região),  cujas pesquisas que fiz me geraram sentimentos de repulsa, indignação, raiva e muita tristeza. Como colocar tudo isso em um texto que tenha a minha marca, o meu estilo? Como ser leve diante de tantos "socos no estômago"?

Como? Tentando. Encarando. E, sobretudo, acreditando que essas palavras possam vir a alertar, a ajudar, a consolar e a dar coragem a tantos que sofrem assédios. Foi então, que encontrei todas as forças que dantes me faltaram.

Antes de tudo, assédio moral e sexual é crime onde quer que seja: em casa, no trabalho, na rua. Os alvos principais? As mulheres.

Informações distorcidas. Mentiras frequentes. Verdades silenciadas.  Eis algumas maneiras de praticar o assédio (abuso psicológico), também conhecido como gaslighting.

Esse "problema" está crescendo,  estatisticamente falando, em níveis alarmantes no Brasil,  entre o cotidiano de muitos.

Para que estejamos atentos diante dos possíveis abusadores e das possíveis vítimas, opto por citar algumas características inerentes a cada um. Enquanto pais, companheiros, familiares e amigos podem evitar tragédias se soubermos identificar tais características.

A vítima não tem um padrão; o abusador sim. Observei que este sinal nos permite identificar uma relação tóxica e partir para a ação (caso sejamos a vítima ou próximos a ela).

O abusador é um ser cruel e asqueroso. É covarde e, não poucas vezes, tem baixa autoestima.Ele fala mentiras compulsivamente, nega todas as acusações, nunca admite a veracidade dos fatos, ainda que diante de provas concretas. Ele tem a habilidade de envolver a vítima em um enredo tão convincente que a mesma passa a questionar a própria realidade. Ele consegue convencê-la de que ela é a culpada e, sucessivamente, duvidosa de si ela se torna submissa ao seu assediador.

No trabalho, eles constantemente depreciam todo o esforço da vítima, ao mesmo tempo em que diante do grupo tendem a apreciá-la; absurdamente contraditórios. Suas ações e atitudes perante a sociedade não tocam no mesmo ritmo das palavras que dizem a quem manipulam, compreendem?

Os elogios vêm como forma de mantê-la sob seu domínio. Trata-se de um ciclo da violência psicológica.A manipulação psicológica (o assédio)  nesse sentido, ocorre para manter a pessoa vulnerável a novos ataques. E bingo! Conseguem.

Também notei  o quanto o abusador afasta a vítima dos grupos, através da manipulação (são mestres nisso) até que ela passa a confiar apenas nele, afinal isso lhe é bem confortável e favorável, certo?

Não obstante, essa vítima caminha em uma linha tênue entre realidade e fantasia, tende a se declarar louca e não poucas vezes atentar contra a própria vida.

Como disse, a vítima não tem um padrão. É possível perceber nela  importantes  particularidades, ou seja,  comportamentos comuns da vítima de assédio.

São pessoas que estão o tempo todo criando justificativas para o comportamento do seu abusador. Lembram que citei as contradições que o assediador cria na mente da vítima e que ela cria (até como forma de auto defesa) um mecanismo de distorção da realidade? É isso, meus caros leitores. Aí é que ela explica as atitudes insensatas de seu abusador.

Ela está sempre pedindo desculpas a ele. Aleatoriamente se desculpando. O sentimento de culpa foi enraizado pelo agressor. Os pedidos vêm sem mesmo saber o motivo, o porquê. Oras, não precisa motivo quando há tamanha culpa.

Além dessa culpa fantasma, há uma constante confusão mental, fruto da manipulação psicológica que a faz duvidar da sua sanidade, enterra sua autoestima, tornando-a  incapaz de dar um passo sem que seu "anjo protetor" diga amém .Sente-se a filha primogênita no reino da inutilidade.Vez ou outra,  lembra-se de ter sido uma pessoa diferente! Empoderada. Confiante. Divertida. Relaxada.

No entanto, esses adjetivos já não lhe vestem mais, não lhe cabem. Aliás, ela não entende o que mudou e só sente que é uma pessoa diferente do que era antes.

E é aqui que vejo a possibilidade de percebermos que algo está ocorrendo. Características discrepantes. Onde está aquela pessoa que conhecíamos?

E ela pouco fala, nega insistentemente, reprime sentimentos, ainda que sinta falta do que um dia foi. É momento de tentar intervir.

Enfim, para quem vive dentro de uma relação abusiva é muito difícil sair. Os medos tomam conta e a crença de que o abusador  só quer o seu bem (e que sua vida profissional está atrelada a ele, no caso de assédio no trabalho) anula e deleta todos os outros pontos: a violência, seja psicológica, moral, física ou sexual. Um crime.

Quem somos nós para recriminar? Somos possíveis vítimas. Ninguém está livre. Sendo assim, suplico que peça ajuda, denuncie, ouça quem sempre esteve ao seu lado. Sem medo.

É difícil? Sim! Porém, assediadores só aprenderão a respeitar o outro quando sofrerem as consequências de suas ações maléficas.

Não permita que NINGUÉM faça com que você se sinta inferior sem o seu consentimento (aliás , nunca). Porque você não é!

Disque 180! Denuncie! Relate a quem deveras ama você! Procure acompanhamento psicológico e terapia! Ratifico: é difícil, eu sei!

Todavia, mais difícil é perder seres humanos lindos, de coração e dedicação impecáveis como você!

Força, coragem e atitude!

Você é amada (o) de verdade por muita gente e queremos você aqui para testemunhar e ajudar muitos outros seres assediados.

Com muito amor, respeito, empatia e admiração!

Até breve! Até muito breve!

Educadora e escritora Lívia Maria Baeta de Paula

 




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Postado por Rafaela Melo, no dia 25/07/2023 - 15:38


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