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Matheus Camargos Nogueira
Advgado
Se tem algo que causa arrepio em muitos brasileiros, é a palavra "burocracia". No mercado imobiliário, o receio é imediato: mencionar cartórios, registros ou matrículas desperta a sensação de um labirinto sem fim. Mas e se eu dissesse que a regularização de um imóvel — tão vista como um gasto ou um incômodo — é, na verdade, um dos investimentos mais invisíveis e estratégicos que alguém pode fazer?
É disso que precisamos falar: da riqueza que não aparece na fachada, mas que se revela nos bastidores do imóvel. No imaginário popular, ter a posse de uma casa ou de um terreno já seria suficiente. “Está comigo, é meu”. Mas a realidade jurídica é implacável: só é dono quem registra. Documentos como a escritura pública, o registro na matrícula individualizada e o comprovante de pagamento do ITBI não são meros detalhes, são a certidão de nascimento do seu patrimônio. Sem eles, você pode até morar, plantar, reformar. Mas vender? Financiar? Herdar de forma tranquila? Tudo se complica.
É como ter uma pedra preciosa sem lapidação: seu valor bruto existe, mas seu valor de mercado está adormecido. Sabe aquela casa herdada dos avós, construída há décadas, onde todo mundo mora, reforma, pinta, mas ninguém nunca regularizou? Pois é. No papel, ela ainda pode estar em nome de quem já faleceu, ou, pior, nem possuir matrícula individual. E aí, quando chega o momento de vender, financiar ou até regularizar no inventário, a família descobre que o imóvel, legalmente, ainda 'não existe'. Começam então os custos inesperados, o desgaste emocional e, muitas vezes, a perda de bons negócios que se desfazem na porta
do cartório. Pouco se fala, mas o prejuízo da irregularidade é silencioso: imóveis sem documentação completa tendem a ser vendidos por valores muito inferiores ao mercado. Risco, no mercado imobiliário, sempre se traduz em desconto — e desconto para quem compra é perda para quem vende. Por isso, cabe um alerta essencial: o processo de regularização envolve custos, mas esses valores precisam ser compreendidos não como despesas, e sim como parte da construção
do valor patrimonial. E a quem recorrer? A regularização exige planejamento. Em muitos casos, o apoio de um
profissional é essencial para não errar no caminho. Mas, para quem prefere começar sozinho, a regra de ouro é simples: comece pela análise da matrícula do imóvel. 1 Advogado especializado em Direito Imobiliário. No fundo, não se trata de criar um problema onde não há. Trata-se de revelar um valor oculto, que cresce silenciosamente à medida que o imóvel deixa de ser apenas uma promessa e se transforma, com todos os papéis em ordem, num patrimônio pleno, reconhecido e respeitado.
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Postado por Rafaela Melo, no dia 22/05/2025 - 10:33