Fotos: divulgação
O levantamento revelou que muitos não tinham consciência do valor documental de seus saberes
Com o objetivo de fortalecer a identidade cultural e garantir visibilidade aos mestres da tradição popular, a Prefeitura de Congonhas realizou uma mobilização inédita no município. A ação, articulada com a produtora cultural Marluce Balbino, teve como foco ampliar a participação de agentes culturais em editais estaduais voltados à valorização do patrimônio imaterial.
O alerta partiu da baixa adesão aos programas de premiação em Minas Gerais, atribuída à falta de documentação formal das atividades dos mestres, às dificuldades com plataformas digitais e à divulgação ineficiente das chamadas públicas. Para reverter esse cenário, foi organizado um mutirão de dez dias, com atuação em distritos, periferias e comunidades tradicionais. A equipe técnica percorreu territórios culturais de Congonhas realizando entrevistas, reunindo registros e elaborando dossiês de mestres ligados a manifestações como Congado, Folia de Reis, Capoeira, Cultura Quilombola, Festejos Juninos e práticas de cura ancestral. O trabalho culminou na inscrição de 11 mestres e três grupos representativos — entre eles, o Quilombo Campinho, o Congado Sereia do Mar e a Folia de Reis de Santa Quitéria.
Figuras históricas foram reconhecidas, como Dona Dorica Guedes, de 84 anos, congadeira mais antiga da cidade, e Dona Lourdes Coimbra, Yialorixá que há mais de 40 anos lidera ações espirituais e sociais na Casa Joana D’Arc. Outro destaque é o Capitão Raul (Guilherme Balbino), referência na congada local. Além de garantir a inscrição dos mestres em editais, a ação buscou fomentar o entendimento de que o fazer cultural é também uma atividade profissional. O levantamento revelou que muitos não tinham consciência do valor documental de seus saberes, e esbarravam em barreiras técnicas ou digitais para acessar políticas públicas.
Para Adriana Lopes e Higgara Resende, gestoras da mobilização, a iniciativa foi decisiva: “A busca ativa deu visibilidade a histórias que sempre estiveram presentes, mas apagadas por preconceitos e exclusões históricas. Agora, esses saberes têm chance real de reconhecimento e valorização.” O impacto da ação vai além da premiação: contribui para a preservação da memória coletiva, estimula a geração de renda e fortalece a formação de novas lideranças culturais em Congonhas.
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Postado por Sônia da Conceição Santos, no dia 04/05/2025 - 09:16