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Saúde


Abuso de remédios para dormir acende o alerta e preocupa as autoridades

7 em cada 10 brasileiros têm problemas para dormir; uso de medicação sem receita vira mania na cidade



Foto:  Topntp no Freepik

A melatonina, que pode ser comprada nas farmácias de manipulação e na internet, sem orientação médica, causa prejuízos à saúde, alertam os médicos (Foto:  Topntp no Freepik)

Cansaço, déficit de atenção ou de concentração, alterações no humor, irritabilidade, sonolência, perda de motivação e propensão para acidentes e erros... É fácil perceber quando não estamos dormindo bem. E com as temperaturas mais altas registradas nessas ondas de calor, o momento do sono acaba se tornando um pesadelo para a maioria das pessoas. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia.

O impacto desse problema já pode ser sentido nas farmácias. Dados da indústria farmacêutica, obtidos pela CBN, mostram um aumento de 30% nas vendas dos medicamentos para indução do sono entre setembro de 2019 e 2023. A chamada medicalização do sono é um fenômeno cada vez mais comum no Brasil. Só entre janeiro e setembro deste ano, as farmácias já compraram quase 90 milhões de caixas de remédios que induzem ao sono, se­gundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos. Zolpidem é o mais famoso deles. Ele faz parte de uma classe de medicamentos hipnóticos conhecidos como drogas Z, que incluem, ainda, as substâncias zopiclona e zaleplona.

Quem sofre com o problema?

Fatores como idade, sexo e condição socioeconômica são determinantes na identificação da população que sofre com a insônia. Segundo a ABS, é mais comum que a insônia seja diagnosticada em idosos, o que pode ser potencializado pelo fato desse grupo etário ter o sono mais fragmentado e apresentar mais comorbidades que interferem no funcionamento noturno e diurno. Além disso, a insônia é mais prevalente na população de menor poder socioeconômico, entre desempregados e aposentados e entre os que perderam cônjuges.

Mulheres também estão mais sujeitas aos distúrbios do sono. E é possível que haja influência hormonal nesse padrão, uma vez que os índices de insônia começam a aumentar nas mulheres (em relação aos homens) a partir da puberdade. É o caso de uma moradora do bairro Pro­gresso (região sudeste), que pediu sigilo sob a sua identidade. Aos 54 anos, ela conta que só consegue dormir após tomar o seu remédio: “Já perdi a conta de quantas noites passei em claro. Posso estar exausta, morrendo de sono, mas não consigo dormir sem o remédio. Fico tensa, virando de um lado para o outro e vou ao banheiro a cada 15 minutos, por causa da ansiedade”.E a tranquilidade necessária para dormir só vem após o uso de 10mg de Diazepan: “Quando tomo o medicamento, bate a sen­sação de tranquilidade e o sono toma conta. Por isso, não fico sem o remédio dia nenhum. Aliás, só de saber que tenho o remédio em casa, já fico em paz”, desabafa.

Como tratar o problema em Lafaiete?

Para conhecer melhor essa realidade em Lafaiete, o Jornal CORREIO ouviu a diretora da Atenção Especializada Diane Assis Coura Fidelis e o neurologista e psiquiatra Bonn-Go Francis de Souza. Conforme avaliam, esse aumento, de remédios para o sono está relacionado ao uso indiscriminado de medicações e que não necessitam de receitas médicas para aquisição: “É o caso de melatonina, que sem devida orientação médica, causa prejuízos à saúde”, alertam. Tido como ‘natural’, o suplemento alimentar é encontrado com facilidade na internet, com vendedores autônomos e nas farmácias de manipulação.

Para tentar desacelerar esse ritmo, a Secretaria Municipal de Saúde afirma estar trabalhando na conscientização, através das Equipes de Saúde da Família (ESFs), alertando para os riscos da automedicação, e na fiscalização mais intensa nas farmácias, para dispensação da medicação sem receita médica. “O acompanhamento médico especializado é essencial. Cabe a esse profissional ajustar a medicação sempre que necessário e, com a evolução do tratamento, ir retirando esse medicamento ou substituindo aos poucos a medicação por outras que causam menos prejuízos até a retirada em sua totalidade. Caso necessite, o paciente pode solicitar ao médico da saúde da família o encaminhamento para um profissional especializado para acompanhá-lo”, explicam.

Uma boa dica, fornecida por Diane Assis Coura Fidelis e Bonn-Go Francis de Souza, é o uso correto da medicação, quando for o caso, aliado a uma boa higiene do sono como: “Os cuidados para uma boa noite de sono devem começar pelo menos 6h antes de ir para a cama. Evite bebidas estimulantes antes de dormir, como café, chá preto, chá mate, guaraná, Coca-Cola e alimentação pesada, pois são coisas que atrapalham o sono”, listam. Outra recomendação é evitar exposição de telas até 2h antes de dormir: “As luzes dos celulares, tabletes e computadores estimulam o cérebro e dificultam o sono”, finalizam.

 




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Postado por Frances Elen, no dia 26/11/2023 - 13:20


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