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Educação


Mulheres e diferenças salariais



A questão de as mulheres receberem salários inferiores aos homens, ocupando mesmo cargos ou funções, por vezes com escolaridade superior à nossa, é puramente um mal cultural. Não vejo argumentos, pelo menos na Sociologia e na Psicologia, que justifiquem diferenças salariais entre homens e mulheres. Eis alguns desabafos de mulheres sobre essa e outras questões, na pesquisa apresentada por Érica Fraga, jornalista que escreve sobre educação

"Eu tinha muita credibilidade junto a meu che­fe até engravidar. Isso mudou completamente quando meu filho nasceu. Ele tem a mentalidade de que o funcionário bom tem de estar presente o tempo todo no escritório." "Nós so­mos malvistas pela meia hora que paramos para ordenhar, mas as pessoas que saem para fu­mar, não". "Antes de engravidar, ouvia relatos de que as mulheres que voltavam de licença eram submetidas a testes velados de comprometimento com o trabalho, como viagens longas mesmo amamentando. Comecei a ficar mais atenta depois que engravidei e percebi que aquilo era mesmo realidade". "Meu marido é muito comprometido com a criação dos nossos filhos. Mas ele faz menos do que eu, porque encontra mais barreiras. Eu falo com minha chefe pelo telefone com as crianças fazendo barulho no fundo. Ele não. Para ele, é mais difícil dizer que precisa levar o filho ao pediatra. É como se ele não tivesse esse direito". "Estou feliz profissionalmente, sou bem-sucedida, mas, sem dúvida, ganho menos do que os homens na mesma posição que eu". ?A empresa onde trabalho estimula a participação feminina na gestão. Mas não me interessaria de novo por um cargo de chefia. Teria de abrir mão de muita coisa da vida da minha filha para ganhar muito pouco em troca". Esses são trechos dos depoimentos de algumas mulheres que colhi no último mês, ao fazer uma reportagem sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres, publicada pe­la Folha no domingo, 14 de maio. Preservo a identidade das entrevistadas ? profissionais de diferentes setores, entre 30 e 40 anos, que ­ti­veram filhos há pouco tempo ? por se tratar de um tema sensível. Suas declarações são evidências anedóticas do que sabemos por experiência própria, de pessoas próximas ou por intuição: a igualdade entre os gêneros ainda é uma realidade distante do mercado de trabalho. Houve avanços inegáveis. Mas barreiras, que precisam ser mais bem compreendidas, persistem.

 

O que já sabemos? Sabemos que as mulheres aumentaram significativamente sua escolaridade ? no Brasil, desde o início da dé­­­ca­da passada, elas contabilizam, em média, mais anos de estudo do que os homens. Sabemos que, paralelamente, a participação feminina no mercado de trabalho avançou muito. Apenas 44,4% das mulheres nascidas entre 1953 e 1957 no Brasil trabalhavam ou buscavam uma ocupação quando atingiram entre 25 e 29 anos. Para a geração feminina nascida entre 1978 e 1982, esse percentual ? também entre 25 e 29 anos ?  era de 69,9%. Sabemos que a distância entre os salários dos homens e das mulheres era muito maior na época dos nossos avós. Ela vem caindo de geração para geração, embora essa tendência rumo à equiparação esteja se tornando mais lenta.

 

Pesquisadores têm mostrado ainda que mesmo as mulheres sem filhos, se forem casadas, ganham relativamente menos do que os homens e do que outras mulheres solteiras (mesmo com escolaridade e outras caraterísticas idênticas). Sabemos que o preconceito de empregadores contra as mulheres existe, ainda que tenha diminuído. Algumas empresas já discutem a possível existência do que chamam de "viés de seleção" na hora de decidir promoções a níveis hierárquicos mais altos. Sabemos também que muitas mulheres ainda interrompem a carreira ou escolhem posições que lhes demandam menos para cuidar dos filhos. Aumentar a escolaridade das mulheres tem sido importante, mas claramente não basta.? [...]

 

Desconheço se nesse mês de maio em que jornais, revistas, emissoras de TV apresentaram tantas mensagens sobre mães foram feitas reflexões corajosas e honestas sobre as diferenças salarias entre homens e mulheres.

 

Fonte ? Disponível no site Folha de São Paulo


José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: joseantonio281@hotmail.com



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Escrito por Educação, no dia 02/06/2017




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