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Editorial: os idosos e o futuro que maltratamos



Foto: Freepik


O mais preocupante é que a violência contra o idoso é, em sua maioria, doméstica e silenciosa


Envelhecer, para alguns, é um privilégio. Para outros, uma sentença cruel de invisibilidade. Em Lafaiete, onde quase 18% da população já tem 60 anos ou mais, a pergunta que devemos fazer é simples, mas pode ter uma resposta incômoda: estamos preparados para cuidar de quem cuidou de nós?

E, respondendo à pergunta anterior, os dados mostram que estamos falhando. Entre março de 2023 e março de 2024, o Creas registrou 68 casos de violência contra idosos. Somados aos 82 do período anterior, são ao menos 150 situações oficiais em dois anos - sem contar as que permanecem ocultas, abafadas por medo, vergonha ou, pior, pela normalização da agressão.

O mais preocupante é que a violência contra o idoso é, em sua maioria, doméstica e silenciosa. Não explode nas ruas nem vira escândalo nacional. Está nas entrelinhas do cotidiano, muitas vezes cometida por filhos, netos e cuidadores. A aposentadoria desviada, o remédio negligenciado, o desprezo repetido, o abandono emocional. Tudo isso é sintoma de uma cultura que valoriza a juventude como fetiche e descarta a velhice como fardo. É hora de mudar essa lógica, antes que ela nos engula também.

Este Junho Violeta, que tem o dia 15 como marco mundial de conscientização sobre o tema, nos chega como um chamado ético, um lembrete de que o modo como tratamos nossos idosos revela quem somos como sociedade.

É importante lembrar que Lafaiete conta com um instrumento essencial de proteção: o Fluxo de Atendimento às Vítimas de Violência, coordenado pelo Creas. O programa abrange casos de violência contra a pessoa idosa e garante que as denúncias recebidas sejam encaminhadas à rede de atendimento, que viabiliza serviços de saúde, assistência social e atuação de órgãos de garantia de direitos. Quando necessário, o Creas orienta os familiares, acompanha o caso e aciona a Polícia ou o Ministério Público, assegurando que a situação não fique impune.

Mas nenhuma estrutura institucional é suficiente sem a ação das pessoas comuns: vizinhos que escutam, bancários que desconfiam, profissionais que acolhem, familiares que respeitam. E é essencial que essas pessoas ajam, porque, no fim, todos caminhamos para o mesmo destino e o futuro que maltratamos hoje pode ser o nosso amanhã abandonado.




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Postado por Sônia da Conceição Santos, no dia 14/06/2025 - 17:43


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