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Comunidade


Municipalização de escolas estaduais divide opiniões na cidade

Em dias de protesto, mudanças no Cesec também são questionadas; município e SRE defendem as medidas



 

Mudanças na educação têm motivado várias discussões na cidade. Nas últimas semanas, um grupo de representantes da comunidade escolar das estaduais Pacífico Vieira, General Oswaldo Pinto da Veiga e Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco vem realizando uma série de mobilizações contra o projeto que prevê a municipalização dessas três unidades de ensino. O movimento começou tímido, mas ganhou as redes sociais, a tribuna da Câmara e as ruas, como já noticiado pelo Jornal CORREIO. Uma das ações mais marcantes ocorreu na quinta-feira, dia 23, quando manifestantes em carreata cobraram mais transparência, respeito e diálogo sobre o processo, chamado pelo governo de Minas de projeto Mãos Dadas:

“A comunidade escolar tem feito várias manifestações de repúdio contra essa mercantilização do ensino público estadual. Nessa carreata, por exemplo, partimos das escolas em direção à Câmara Municipal para lembrar aos vereadores que, antes de votar esse projeto, temos necessidade da humanização da educação, e não da mercantilização que o governo do estado atual propõe. E nesse sentido, solicitamos apoio perante esse chamamento”, explicam.

Cesec

Quem também se levantou em protesto foi a comunidade do Centro de Educação Continuada Professor José Martins Sobrinho. Instalado na escola estadual Professora Maria Augusta Noronha desde 2020, o Cesec se vê, mais uma vez, diante de mudanças que, segundo a comunidade escolar, não vêm sendo discutidas de forma ampla e podem prejudicar o andamento das atividades da instituição.

“Em 2021, passamos por transtornos e inquietações diante da notícia de que o Colégio Tiradentes seria alocado no prédio do Cesec. Agora, novamente fomos surpreendidos com a notícia de que o Cesec irá coabitar com outra escola do município e que a Prefeitura precisará do espaço no turno da manhã e da tarde. Ou seja, teria que fechar o turno da tarde”, afirma a equipe de professores do Cesec. A mudança, conforme situam, irá de encontro à Resolução 2943 de 2016, segundo a qual, o Cesec funcionará em dois ou três turnos, sendo um deles, obrigatoriamente, o noturno.

“Pela resolução, em alguns dias da semana o Cesec pode atender no matutino e em outros no vespertino, desde que garanta o atendimento em dois turnos todos os dias da semana. Fechando o turno da tarde, como ficam os alunos menores de idade, com necessidades especiais ou encaminhados pelo INSS, que não podem estudar à noite? Como ficam os trabalhadores de turno e as mães que estudam no horário em que deixam seus filhos na escola? No Cesec, há essa flexibilidade de horários, o que possibilita os estudos desses alunos no turno vespertino”, pontuam os professores.

Ainda segundo afirmam, o Cesec não é contra a coabitação, e sim, contra o fechamento do turno da tarde. “Novamente, os alunos do Cesec ficarão prejudicados para atender demandas externas? Os jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de estudar ‘na idade certa’ têm menos direito que os outros? Afinal, estamos sempre relegados a segundo plano”, consideram.

Sem diálogo

Os professores afirmam ter procurado o prefeito e o secretário municipal de Educação para uma conversa, mas não teriam sido atendidos. “É um verdadeiro desrespeito com a comunidade escolar, uma vez que em nenhum momento foi consultada sobre essas mudanças. O secretário de Educação alega que eles somente poderiam nos atender com a presença da Superintendente Regional de Ensino, mas ela se recusou a comparecer à reunião”, afirmam.

SRE defende municipalização e coabitação

Em atenção ao ofício enviado, a superintendente regional de Ensino, Maria de Lourdes Reis Silva Beato, destacou que o Cesec atende um público específico, em geral adulto e trabalhador, de forma semipresencial e com frequência significativamente menor de estudantes no turno vespertino, mas com exigência legal. Frisou que a unidade realiza um trabalho de qualidade que é parâmetro de sucesso nessa modalidade de ensino em Minas e que oferece ainda um processo de banca itinerante, que apenas sete unidades oferecem no Estado.

A superintendente lembra que o prédio possui infraestrutura em condições favoráveis ao atendimento de duas unidades escolares, e com encerramento das atividades da escola estadual Professora Maria Augusta Noronha, a coabitação com uma escola municipal “torna-se totalmente possível e exequível, nos turnos da tarde e noite, sem afetar a qualidade de ensino da escola do Cesec, considerando, ainda, o bom uso de recursos públicos”, considera.

Diálogo

Sobre a alegação de dificuldade de diálogo, Lourdinha Beato pontuou que os diretores envolvidos no processo do Projeto Mãos Dadas, em Lafaiete, já estavam convocados para reunião com a superintendente, quando seriam prestados os devidos esclarecimentos que deveriam, também, ser repassados às comunidades escolares. “Já a reunião da superintendente com a diretora do Cesec foi realizada no gabinete da SRE, às 15h do dia 9 de junho, quando foram oficialmente comunicadas a proposta do município de cessão e coabitação do prédio estadual que abriga o Cesec e a aprovação da referida proposta pela Secretaria de Estado de Educação”.

Município é favorável à municipalização

Quando questionada sobre a municipalização das escolas, a Secretaria Municipal de Educação de Lafaiete reforçou que a absorção de matrículas de estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental é de responsabilidade municipal. “Em todo o território nacional, esse processo já vem, há tempos, sendo viabilizado pela cooperação entre estados e municípios”.

A Semed acrescenta que, em diálogos com a SRE, o município entendeu como positivas as propositivas de parecer técnico apresentadas pelo estado no projeto Mãos Dadas, “incluindo esta absorção em unidades escolares estaduais exclusivas dos anos iniciais e em unidades possíveis de compartilhamento; bem como transferência de recursos financeiros para que o município amplie e reforme creches e demais unidades escolares. O projeto Mãos Dadas é para todos os municípios mineiros", conclui.




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Postado por Nathália Coelho, no dia 10/07/2022 - 17:00


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