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Cultura


De Buarque para o mundo: a história do artista plástico Sebastião Pereira, o Guinha



 

Desde 1981, o talento de um artista lafaietense tem colorido os Estados Unidos e conquistado o gosto de quem admira arte realista. Nascido em Buarque de Macedo, Sebastião Rodrigues Pereira hoje vive em Phoenix, no Arizona. Destaque em publicações importantíssimas de arte, ele tem o seu trabalho exposto em importantes centros culturais: “A revista International Artist, uma publicação australiana com distribuição global, trouxe um artigo de oito páginas sobre o meu trabalho. Foi a matéria de capa. Eu mencionei esse artigo em uma entrevista ao Worthington Daily Globe, um jornal de Minnesota, onde eu estava fazendo uma exposição individual, e eles me fizeram contar a história de como “o menino pobre e de pés descalços”, nascido no interior do Brasil, foi parar em Minnesota. Não sei como o artigo foi parar nas mãos do boletim de notícias online do Corpo da Paz e ele foi reprintado na íntegra”, detalha.

O mesmo aconteceu com o Brazilian Times, um jornal de publicação em português em Nova York e alguns estados adjacentes, e também em um jornal brasileiro na Flórida. E não para por aí: “Recentemente, Betsy Dillard Stroud, autora de três livros sobre aquarela, me incluiu no livro Watercolor: Masters and Legends (Aquarela: Mestres e Legendas). Para mim, foi uma honra, pois os outros 33 artistas são pessoas muito reconhecidas na arte da aquarela”, situa. Outro motivo de orgulho foi ter o seu trabalho julgado e aceito pela American Watercolor Society em Nova York, a primeira associação americana de aquarela. “Naturalmente, eu fui a Nova York para ver a exposição”, acrescenta.

E sua arte tem ganhado cada vez mais admiradores: “Recentemente, o meu trabalho foi exposto no Museu de Arte do Sky Harbor International Airport, em Phoenix no Arizona. O trânsito de pessoas no aeroporto é de 40 milhões de pessoas por ano, e meu trabalho, que incialmente ficaria exposto por 6 meses, ficou exposto por um ano e cinco meses, devido a aceitação do público, segundo o curador Gary Martelli”, revela. Com tamanha repercussão, o artista brasileiro também atraiu olhares de sua terra natal: “Eu recebi o troféu na categoria de Belas Artes do primeiro Focus Brasil Arizona, no ano passado. A escolha foi feita pelo voto popular e a Rede Globo e a Embaixada do Brasil em Los Angeles foram alguns dos patrocinadores. A convidada especial foi Luíza Brunet”, pontua.

O realismo de Sebastião Pereira

É preciso se aproximar para ver que as telas de 120 x 50 m criadas pelas habilidosas mãos do artista lafateietense não são pinturas, e sim, mosaicos no estilo colagem feitos com amostra de cores obtidas nas casas de tinta e revistas de arte, como Art in America e Art News. “Iniciei uma coleção de retratos de grande porte há cerca de 15 anos e são 36 até então. Todas as minhas colagens são feitas com papel, mas não parece. De uma certa distância, elas parecem pinturas ou mesmo fotografias. Gosto muito do retrato da minha amiga, Wallis; é uma das minhas colagens favoritas. Mas há várias outras que se destacam”, explica. O seu trabalho ainda inclui flores, natureza morta e retratos em aquarela.

O início no Brasil

Artista profissional desde os seus 14 anos, Sebastião Pereira teve, em casa, seu primeiro contato com a arte em sua expressão mais pura: “Minha inspiração vem dos meus pais. Meu pai tecia balaios utilitários para a colheita do milho e fazia esteiras para carro de boi. Minha mãe era tecelã; ela fazia colchas e sabia muito sobre como utilizar as cores. Infelizmente, parou de tecer antes do meu nascimento”, relembra. Com o talento nato, fez um curso de desenho artístico comercial e publicitário no extinto Instituto Rádio Técnico Monitor, passou pelos seminários dos Padres do Trabalho, em Lafaiete, e Dom Orione, na Pampulha. “Naquela época, eu fazia free lance. De 1971 até 76 fui artista em uma firma de produtos de carnaval. De 76 a 79, eu trabalhei para o governo americano”, pontua.

E foi na terra do Tio San que ele encontrou o seu estilo e uma acolhida surpreendente.  “Eu me formei em Inglês e Português pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG), e com a minha credencial, eu fui empregado pelo governo americano para dar aulas de português e cultura brasileira para os voluntários do Corpo da Paz, nos anos 70. Um casal de americanos me convidou para morar com eles na cidade de Mesa, no Arizona. Eles abriram para mim a casa, a carteira e o coração”, relembra.

Durante os 4 anos de estudo de Belas Artes na Universidade Estadual do Arizona, esse casal arcou com todos os custos da permanência de Sebastião Pereira nos EUA: “Eles pagaram por tudo - exceto as mensalidades na escola. No primeiro semestre eu consegui nota máxima em 5 das 6 matérias e a universidade me deu uma bolsa de estudos retroativa. Então, eu devolvi os U$1.500 que o casal havia pagado pelo primeiro semestre. Ainda me pós-graduei em Belas Artes também pela Universidade Estadual, através de uma bolsa de estudo e a ajuda de vários amigos”, conta.

De Buarque, ele guarda a lembrança da sua infância, o carinho por pessoas especiais (muitas das quais não estão mais entre nós, segundo conta) e uma saudade imensa do futebol. “Milton Nascimento diz que ‘todo artista tem que ir aonde o povo está’. Meu muito obrigado ao Jornal CORREIO, por levar o meu trabalho a muitos da região. Agradeço também ao amigo Brás Barros, pelo seu apoio. E para os artistas que estão começando, escolho uma expressão americana como conselho: ‘There is no free lunch’. A comida não vem de graça. Para ter sucesso é preciso comprometimento, muita força de vontade e muito trabalho. Um pouquinho de sorte também ajuda”, finaliza.





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Postado por Redação, no dia 11/11/2020 - 09:14


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