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Educação


Alfabetização e nova base curricular Parte II



Os que defendem a alfabetização das crianças até o 2º ano da educação infantil avaliam que elas estão, cada vez mais, expostas a estímulos da prática da oralidade e escrita. Portanto, mais aguçadas para uma alfabetização precoce, principalmente devido o acesso que elas têm, cada vez mais cedo, a móbiles, como celulares, e a aplicativos de várias naturezas que, de alguma forma, alfabetizam as crianças.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) está revestida desse espírito da necessidade de uma alfabetização precoce, sobremaneira, para possibilitar a crianças do século XXI o desenvolvimento de outras habilidades que não eram exploradas na educação formal escolar. A introdução de estatística e probabilidade no currículo mínimo é um bom exemplo desse empenho de especialistas e edu­cadores que já compreenderam a urgência de construir um novo modelo de escola para o sistema brasileiro de educação.

"O Brasil tradicionalmente esperava que estivesse alfabetizado aos 8 anos, para verificar isso só aos 9 anos. É muito tarde. Se não está alfabetizado, como o aluno vai aprender o resto?", afirma Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann e integrante do Movimento pela Base - defensor de uma base curricular nas escolas brasileiras nos moldes de países como Austrália, Canadá e Portugal. "Essa clareza também ajuda o professor a saber o que é esperado e o que ele tem que entregar", diz.

A nova proposta para a base nacional curricular também antecipa alguns objetivos de aprendizagem - caso de alguns conteúdos do ensino médio que passaram para o 9º ano do ensino fundamental, segundo Castro. O objetivo é facilitar a transição entre essas etapas. A 3ª versão da base também traz outras mudanças. Uma delas é a atribuição de dez "competências" que devem ser desenvolvidas e estimuladas durante a educação básica. Fazem parte da lista a capacidade, a ser adquirida pelo aluno, de usar os conhecimentos para entender e explicar a realidade, exercer a curiosidade e reflexão crítica, formular e testar hipóteses, reconhecer manifestações culturais, entre outras.

Em uma das mudanças, o documento faz referência ao uso de tecnologias digitais, que devem ser usadas "de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano". Para Castro, o incentivo à reflexão sobre o uso de tecnologias é um dos destaques da nova versão. "A capacidade de argumentação é algo que também está muito forte nessa base e que na outra não aparecia com tanta ênfase", afirma.

Essas duas competências, diz, estão interligadas. "As tecnologias digitais têm diminuído de alguma maneira a capacidade do jovem de conversar, falar, argumentar e defender seu ponto de vista. A tecnologia é tão momentânea que acaba superficializando a maneira como o jovem se coloca. Na ocupação de escolas isso ficou evidente. Não tinha uma causa clara e o jovem tinha dificuldade de defender muitas vezes o seu ponto de vista", completa.

A versão final da base nacional curricular depende, agora, da apreciação do CNE, que deve realizar cinco audiências públicas ainda neste ano. "A normatização da base será feita por meio de um parecer", diz à Folha, Eduardo Deschamps, presidente do CNE. De acordo com ele, o conselho tem a prerrogativa de fazer alterações no texto, "mas todo o processo realizado até agora será respeitado."

É possível perceber que os aspectos técnicos já estão bem alinhavados, quase costurados. Resta, portanto, adequar as estruturas escolares para o desenvolvimento e a prática de novas habilidades ou competências (há uma discussão tremenda entre esses dois conceitos). Mas, a principal adequação não é a da estrutura física das escolas. Isso é menos difícil. O desafio maior será conseguir a adesão esclarecida dos professores a outras práticas docentes diferentes das tradicionais. O nó górdio está na nossa capacidade ou incapacidade de construir outras culturas escolares. Nesse sentido, os professores são os mais resistentes. A trincheira cultural é a última a ser desmontada. A esperança de avanços está em saber que toda cultura é, inevitavelmente, dinâmica. Ainda que as mudanças ocorram de forma lenta e dolorosa, elas têm de acontecer. 



José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: joseantonio281@hotmail.com

Fonte - http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/04/1873112-nova-base-curricular-tem-meta-de-alfabetizacao-mais-cedo-do-que-a-atual.shtml .   Acesso aos 12/08/2017.



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Escrito por Educação, no dia 08/09/2017




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