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Educação


Regras e transgressões na família



Gostei da reflexão e ensinamento de Rosely Sayão sobre regras e transgressões. Só questionei o final do artigo, pois ainda sugere uma educação para a submissão aos princípios sociais opressores. E se a criança, adolescente ou jovem, entender que o certo é romper com padrões culturais? Exatamente por causa dessa possibilidade e da dor que ela gera nos adultos é que as ideias dessa renomada psicóloga merecem ser pensadas, sopesadas e processadas.

?Com tantas regras a cumprir, as crianças permanecem infantilizadas ? não crescem, inclusive, moralmente. O estabelecimento de regras e de rotinas na vida das crianças é con­­siderado questão fundamental pelos pais. Afinal, as regras colocam os limites ? vamos lembrar que criança precisa de limites! ? e as rotinas transmitem segurança para que as crianças transitem melhor por seu tempo, se organizem e se adaptem com mais facilidade para o que está por vir. Quase todos os pais que se ocupam com a educação dos filhos já ouviram essas afirmativas, não é verdade? Que tal olharmos para essas questões de um outro ponto de vista?

Para ajudar, primeiramente convido você a pensar nas rotinas de seu dia: elas não são massacrantes, como as pessoas costumam dizer? Quem é que não gostaria de ter menos rotinas a cumprir? Pois é: se para um adulto as rotinas entediam, imagine para uma criança, que está descobrindo o mundo, experimentando um pouco de tudo o que consegue, explorando situações e relacionamentos e que tem tudo para aprender. E como ela aprende com essas vivências!

Agora, pense na vida de uma criança que tem o dia todo apertado entre rotinas: o que lhe resta senão cumpri-las ? ou não? Vamos lembrar que a rotina é monótona e leva rapidamente a res­postas que se tornam mecânicas. Como apren­­der algo dessa maneira? Mas sem rotinas o dia-a-dia da criança não ficará desorganizado? Essa é a questão que muitos pais apresentam. Podemos criar outro mecanismo para que a vida da criança não se torne chata e, ao mesmo tem­po, fique organizada. Podemos criar alguns ?poucos ? rituais, principalmente para facilitar as passagens mais difíceis para algumas crianças. Sair de casa para ir para a escola e se recolher para ir dormir são alguns exemplos. Diferentemente da rotina, o ritual é um processo, um conjunto de procedimentos que não precisam ser repetidos da mesma maneira e que permite, portanto, algumas mudanças ? o que torna mais difícil a monotonia e abre espaço à criatividade.

Agora, vamos às regras. Como o bordão de que a criança precisa de limites pegou, muitos pais encheram a vida das crianças de regras, multiplicaram-nas ao extremo. Alguns programas de tevê, inclusive, incentivaram a ideia de destacar as regras para a criança e marcar as que ela cumpriu com estrelas, por exemplo. Só esquecemos de um detalhe: onde há regras, há transgressão! Com tantas regras a cumprir, as crianças permanecem infantilizadas ? não crescem, inclusive moralmente ? e pouco aprendem por causa do ex­­cesso de controle que as regras promovem.

Em vez de regras, os pais podem criar princípios para os filhos. Vejamos um exemplo: em vez de regras como "não pode bater no irmão", "não pode pegar coisas dele sem pedir", "ajudá-lo sempre que ele pedir", que tal criar o princípio do respeito entre os irmãos? Dessa maneira, ajudamos a criança para que ela, aos poucos, apre­enda o conceito do respeito e se afaste do autocentrismo para enxergar o outro.

Educar, ou seja, formar os filhos para que se tornem pessoas de bem, livres para fazer escolhas, e introduzi-los na vida civilizada, é mais do que estabelecer condicionamentos e controlar. É, principalmente, criar processos que promovam a passagem progressiva para a autonomia e ensinar valores virtuosos, que, aliás, estão fazendo muita falta no mundo atual, não é verdade??

Disponível na Folha de São Paulo, com título adaptado para essa coluna.


José Antônio dos Santos

Mestre pela UFSJ

Contato: joseantonio281@hotmail.com



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Escrito por Educação, no dia 02/08/2017




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